O dispositivo que consegue diagnosticar os vários tipos de tosse em pacientes de risco.

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Durante dois anos e meio, a INNGAGE trabalhou em conjunto com a C-mo Medical Solutions para desenvolver um dispositivo médico que permitisse monitorizar os vários tipos de tosse e apoiar o diagnóstico em patologias respiratórias.

Pioneiro no mercado, este dispositivo é aplicado no peito do paciente e faz uma avaliação exaustiva das características distintivas da tosse. Desta forma monitoriza a tosse crónica, dando aos seus pacientes a  possibilidade de gerir a sua condição de saúde e permitindo aos médicos um acompanhamento contínuo, à distância, através da transmissão de dados.

A INNGAGE, em colaboração com a equipa da C-mo, foi responsável por conduzir este projecto, desde o design e engenharia de produto, à produção de protótipos e contacto com fornecedores. Fique a conhecer a perspectiva de João Pereira, designer industrial da INNGAGE, que liderou o desenvolvimento deste projecto.

1- Como foi o primeiro contacto com o cliente e porque aceitaram este desafio?

Ao longo do percurso da INNGAGE, tivemos a oportunidade de trabalhar em projectos completamente distintos. Desde produtos eletrónicos, máquinas de café, embalagens, ferragens para caixilharia, protecções para mota/bicicleta, entre outros.

No entanto, os dispositivos médicos estavam em falta no nosso portfólio e tínhamos bastante interesse em entrar nesta área.

Por esse motivo, quando fomos abordados pela equipa da C-mo com uma proposta de colaboração no desenvolvimento deste produto, a nossa resposta só poderia ser uma: “Vamos a isso!”.

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2- Quais foram as fases do projecto e como abordaram o processo de trabalho?

Iniciámos o projecto na fase de descoberta onde foi realizada uma extensa pesquisa sobre o tipo de produto e público-alvo, um benchmarking para ficarmos a conhecer as soluções já existentes e uma pesquisa sobre as tecnologias necessárias.

Após a recolha e análise da informação, definimos diversos conceitos iniciais que exploravam caminhos distintos e que nos ajudaram a ponderar os pontos fortes e pontos fracos de cada um.
E por último, após uma avaliação cuidada, foi seleccionada uma das opções para continuar com o desenvolvimento do projecto que resultou no produto que temos hoje.

Embora esta descrição do processo faça parecer que todo o desenvolvimento do projecto foi um percurso simples e linear, a realidade foi um pouco diferente.

Devido à natureza deste produto, este projecto sofreu bastantes alterações ao longo do desenvolvimento e por vezes foi necessário recuar um passo para conseguirmos dar dois em frente.

Com recurso à prototipagem rápida tivemos a oportunidade de fazer inúmeros testes com o utilizador final de modo a compreender quais os ajustes necessários para tornar o uso do produto o mais confortável e discreto possível. Também eu, testei diversas vezes o dispositivo no dia-a-dia para me pôr no papel do consumidor.
Tivemos também a oportunidade de falar com fornecedores de diferentes áreas que nos indicaram, ao detalhe, os ajustes necessários para tornar a produção mais eficiente.

É ainda importante referir que a colaboração com o cliente foi constante ao longo de todo o processo e todas as decisões foram tomadas em conjunto de modo a obter o melhor resultado possível.

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3- O que diferencia este projecto de outros que tenhas participado?

Penso que uma das maiores diferenças deste projecto está relacionado com o tipo de cliente. O desenvolvimento de projecto com uma Startup é completamente diferente do desenvolvimento com uma empresa já estabelecida e com produto no mercado.

Por norma, ao trabalhar com uma empresa já estabelecida no mercado, as direcções do projecto já estão mais definidas, os fornecedores escolhidos e as tecnologias de produção determinadas.

Já numa Startup, todos estes pontos estão em aberto e parte do nosso trabalho passa por ajudar o nosso cliente a procurar a melhor solução para cada um destes pontos e servir como elo de ligação entre as diferentes partes.

Não quero dizer que um tipo de cliente é melhor que o outro, são desafios diferentes e em ambos existem infinitas possibilidades para o desenvolvimento de produtos diferenciadores e com valor.

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4- Qual é a mais-valia que o C-mo oferece aos médicos e pacientes?

Na perspectiva do paciente, o C-mo oferece um maior conforto na monitorização da tosse. As dimensões reduzidas e a própria configuração do produto com um centro flexível, permitem a adaptação do dispositivo a todo o tipo de utilizadores de forma orgânica resultando assim num uso discreto do produto.

Na perspectiva dos médicos, este dispositivo permite recolher dados concretos sobre a saúde dos seus pacientes sem recorrer à descrição subjectiva feita pelos mesmos. Desta forma o médico dispõe da informação necessária para desenvolver um diagnóstico mais eficiente que permite detectar possíveis problemas com maior rapidez.

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5- Qual foi o maior desafio deste projecto?

Sendo o C-mo um dispositivo wearable para a área da saúde, houve ao longo de todo o desenvolvimento alguns desafios a superar.

Em primeiro lugar, por ser um wearable para colocar na zona abdominal junto ao peito do utilizador, a miniaturização do produto foi um dos principais focos de modo a tornar a utilização do dispositivo o mais confortável e discreta possível. Para tal, houve uma compatibilização constante do exterior do produto e da electrónica no seu interior, para reduzir ao máximo as dimensões do dispositivo.

Em segundo lugar, o facto de ser um dispositivo médico, exige um maior número de testes e ensaios que são bastante rigorosos para o produto obter as certificações necessárias que possibilitam a comercialização do mesmo. A prototipagem contínua foi essencial nesta fase.

Por último, o público-alvo abrangente, que se estende desde as crianças aos mais idosos. Este último parâmetro trouxe alguma complexidade pois os requisitos do produto precisaram de ganhar alguma elasticidade. Felizmente tivemos diversas oportunidades de prototipar as soluções e ir testar com diferentes utilizadores de forma a assegurar o melhor resultado.

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6- Como designer, qual é a importância de colaborar de perto com o cliente?

Este ponto é talvez um dos principais motivos para o sucesso de um produto.

As perspectivas são diferentes assim como o conhecimento que cada uma das partes tem para oferecer ao projecto. E ao trabalhar em colaboração próxima com o cliente é possível partilhar e discutir de forma constante as diferentes direcções de forma a obter o melhor resultado possível.

No decorrer de todo o processo tivemos inúmeras conversas, presenciais e online, com a equipa da C-mo onde discutimos o progresso do projecto e ponderamos as melhores escolhas em momentos de possíveis bifurcações.

Na minha opinião pessoal, penso que este tipo de colaboração é a única forma de trabalhar e também a melhor forma de trazer ao mundo produtos inovadores que trazem consigo um valor acrescido para a vida das pessoas.

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7- Que oportunidades pode trazer um projecto pioneiro neste setor?

Em primeiro lugar, esperamos que o C-mo contribua para a prevenção de patologias graves ao nível respiratório e que ofereça aos seus utilizadores a oportunidade de prolongar a sua vida da forma mais saudável possível.

Para nós, a nível profissional, esperamos que este projecto seja uma porta de entrada para o desenvolvimento de outros produtos no sector da saúde. Não só pelos desafios interessantes que apresentam e inúmeras possibilidades de desenvolver algo inovador mas também por ser uma área que permite acrescentar um valor imensurável à vida das pessoas.

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